sexta-feira, 13 de março de 2009

A Semiótica dos Anjos - Parte 2



Pois é, na aula de hoje de Estética (sim, estamos tendo aulas dessa matéria a rodo!) assistimos a algumas cenas do filme Cidade dos Anjos e discutimos o texto de Malena Contrera.

Devo dizer que minhas expectativas foram correspondidas. O filme de Hollywood não era ruim, mas era uma obra predominantemente comercial, e perdeu muito da expressividade e originalidade da película de Wim Wenders.

Podemos fazer várias comparações que atestam isto.

O filme de Wenders é muito mais sutil que a versão americana. Uma das primeiras cenas do filme mostra o anjo representado por Bruno Ganz pulando de uma grande estátua e caindo. E por que ele está fazendo isto? Ora bolas, porque ele é um anjo, ele pode. A queda é apenas um mero detalhe, não tem uma significação maior na história, mas é uma cena bonita.

Porém, em Cidade dos Anjos o personagem de Nicolas Cage precisa saltar para se tornar humano (quanta dramaticidade!), e a cena em que faz isto é recheada de imagens emocionais de partos e médicos, lembrando alguma propaganda de plano de saúde.

Outro personagem muito distorcido foi aquele coadjuvante chamado Columbo. No filme original, ele era um ex-anjo, agora ator de filmes B, gravando um filme em Berlim Ocidental, enquanto a narrativa seguia seus pensamentos.

No filme estrelado por Nicolas Cage, aparecia um indivíduo chamado Nathan Messenger que era um ex-anjo trapalhão, cuja única função era ligar o anjo Seth à doutora Maggie.

Cidade dos Anjos foca-se apenas no amor ''impossível'' entre o anjo e a mulher, enquanto Asas do Desejo é muito mais rico. O anjo de Asas do Desejo é apenas um personagem entre vários.

O filme alemão mostra também as elocubrações de Columbo, as jornadas mentais e físicas de um velho escritor no fim de sua vida,as alegrias e tristezas de pessoas que trabalham em um circo e os pensamentos e sentimentos de várias pessoas comuns que aparecem durante o filme.

Enquanto Asas do Desejo é rico em detalhes, Cidade dos Anjos apenas pegou um fio da meada da história e o estirou até que quase arrebentasse.

Quanto aos diálogos e pensamentos dos personagens, não há nem como comparar. Sem dúvida, Asas do Desejo poderia ter rendido uma análise muito mais interessante a Malena Contrera.

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