segunda-feira, 16 de março de 2009

A riqueza de Henfil


Mal comecei o ano letivo, já tratei de correr atrás de material sobre Henfil, o famoso cartunista mineiro. Por que? Porque estou fazendo o meu TCC sobre a obra do cara.Fazendo é modo de dizer, ainda nem comecei a escrever o projeto, mas de qualquer forma já li três coletâneas de obras dele, já conversei com um professor, já delimitei o tema e estou indo em frente.

Quando resolvi fazer o TCC sobre o Henfil, não conhecia quase nada sobre o trabalho dele. Apenas uma ou outra tirinha que apareceu em livros de português, vestibular ou coisas assim. Portanto, peguei o tema mais por instinto. Escolhi o trabalho do Henfil por achar que se o cara era tão famoso, suas obras deveriam ser fonte para muitas análises.

Eu também sabia de sua importância política. Sua importância como cartunista de resistência à ditadura e às injustiças do Brasil em geral. Para falar a verdade, eu pensava em Henfil apenas como um cartunista político. Não achava que seus quadrinhos tivessem muita graça, mas respeitava sua importância como material de protesto.

Qual não foi minha surpresa quando li suas coletâneas, e vi que seu trabalho era muito diferente, muito mais rico do que eu pensava.

Henfil não falava apenas de questões políticas. Falava sobre sexo, preconceito, comportamento e, em muitas ocasiões,apresentava um humor puramente nonsense. Tudo isso com uma criatividade e uma energia sem iguais.

Eu estou utilizando sua obra para estudar, mas ao mesmo tempo me divirto horrores quando leio suas tirinhas. Às vezes, até gargalho sozinho.

Aliás, mesmo quando Henfil aborda a política, consegue fazê-lo de uma maneira extremamente sutil e humorística. Na maioria das vezes, até o nonsense aparece nessas tirinhas mais políticas. O que não deveria ser surpresa, porque a política é nonsense neste país.

Com um material tão rico, é de se espantar que Henfil não seja mais falado nas escolas, nas universidades. Aliás, não é de se espantar tanto não, dados os problemas da nossa educação.

Mas é ridículo, por exemplo, que não haja nenhum livro do cartunista na Biblioteca da Cidade, 1 livro de quadrinhos apenas na UEL, e que na cidade inteira só as Livrarias Porto vendam algumas de suas obras.

A obra de Henfil é um patrimônio do Brasil. Tanto mais que permanece atual. Seu humor ácido é muito pertinente aos dias de hoje, e seu conteúdo inteligente e desbocado bate muitos dos quadrinistas de hoje em dia.

Espero que um dia este país reconheça verdadeiramente o trabalho deste artista que tanto lutou por ele com as mais sutis das armas: a caneta e o papel.

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