domingo, 29 de março de 2009

Um artista das resenhas


Recentemente descobri uma coisa que me surpreendeu. Descobri que mesmo com seu caráter analítico, jornalístico e opinativo, resenhas também podem ser uma forma de arte.

No caso, o fator responsável por esta descoberta foi o trabalho de Roger Ebert, crítico de cinema norte-americano que escreve para o jornal Chicago Sun-Times. Para quem não o conhece, caso que se aplicava a mim mesmo há pouco tempo, farei uma breve retrospectiva de sua trajetória profissional.

Ebert nasceu em 1942 em Urbana, Illinois. Desde adolescente apreciava ficção científica e tinha interesses em jornalismo, envolvendo-se na produção de fanzines durante o colegial. Após concluir o Ensino Médio, entrou na Universidade de Illinois onde fez um curso introdutório de jornalismo e posteriormente graduou-se em Língua Inglesa na Universidade de Cape Town, na África do Sul.

Em 1967, Ebert começou a escrever para o Chicago Sun-Times, inicialmente como repórter de feature, passando posteriormente a trabalhar como resenhista.

Em 1975, junto com o também crítico de cinema Gene Siskel, Ebert passou a apresentar o programa televisivo semanal ''Sneak Previews'', no qual comentava os filmes em cartaz no cinema. O ''Sneak Previews'' mudou seu nome para ''At the Movies'' em 1982 e posteriormente tornou-se ''Siskel and Ebert at the Movies''.

Siskel morreu de câncer em 1999. Ebert prosseguiu com seu trabalho na televisão e no Chicago Sun-Times por mais alguns anos. Em uma triste coincidência, foi acometido por câncer, e perdeu a fala no tratamento. Assim, deixou de trabalhar na televisão, mas ainda hoje escreve para o Sun-Times.

Durante estes 42 anos de carreira, Roger Ebert tornou-se um dos críticos de cinema mais conhecidos e importantes dos Estados Unidos. Não é para menos, pois o resenhista é totalmente sui generis no terreno da crítica.

Ebert é um profissional sem preconceitos. Resenha desde filmes trash como ''As Branquelas'' até obras-primas como ''O Sétimo Selo''. E não se deixa guiar pela opinião geral da crítica e do público, sendo sempre fiel à sua própria impressão.

Uma característica interessante de seu trabalho é que ele procura resenhar os filmes de acordo com a proposta deles. Se a obra resenhada é um filme pipoca, produzido apenas para divertir, então Ebert analisará se o filme é divertido ou não. Por outro lado, se o filme tem a pretensão de ser uma obra inteligente, que faz o espectador refletir, então ele discorrerá sobre como a película conseguiu isto ou não.

As resenhas de Roger Ebert são extremamente gostosas de se ler.Além de divertidas, são muito bem-escritas e inteligentes, tanto que ele ganhou até um Prêmio Pulitzer por seu trabalho, sendo o primeiro crítico de cinema a obter tal honraria, em 1975.

Os textos de Ebert, além de comentar sobre o filme, são extremamente literários. Por vezes citam poemas, ou trechos de livros, e o autor também exprime pensamentos e percepções quase filosóficos, dando um tom ensaístico às resenhas que escreve. Outro aspecto significante em seu trabalho é o bom humor de Ebert. Extremamente perceptivo e sagaz, ele comenta os erros dos filmes (e por vezes os acertos) com comentários inteligentes e irreverentes.

Apesar de sua sofisticação, quando Ebert resenha um filme que considera de qualidade inferior, como por exemplo ''Resident Evil'' ou ''Gigolô por Acidente'', ele pode utilizar-se de escatologias ou de um tom mais sarcástico para desqualificar a obra sem no entanto perder a elegância.

Aliás, muita gente, incluindo o autor deste texto, considera as resenhas nas quais Ebert fala mal de um filme muito mais divertidas do que quando ele fala bem.

Analisando-se sob um ponto de vista aberto, pode-se dizer que ler as resenhas de Roger Ebert é como ler os textos de Luís Fernando Veríssimo, caso ele escrevesse críticas de cinema. Há várias semelhanças estilísticas e temáticas nos dois autores.

Para quem estiver interessado em ler os textos de Roger Ebert, há coletâneas de seus trabalhos, inclusive publicadas em português. ''Grandes Filmes'' e ''A magia do cinema'' são dois livros do autor que foram lançados pela Ediouro.

O site do autor, em inglês, é: http://rogerebert.suntimes.com/

Níquel Náusea



Considero o Níquel Náusea, de Fernando Gonsales, um dos quadrinhos mais interessantes já feitos no Brasil. Na maioria das vezes, Gonsales utiliza animais como protagonistas de suas tirinhas.

As histórias têm um quê de fábula,somado a um humor surrealista que lembra um pouco a Monty Python, além de muita criatividade. Em tempos nos quais as tirinhas brasileiras muitas vezes apelam para um humor negro exagerado ou então só falam sobre problemas existenciais, é um respiro poder ver que o autor continua realizando um produto original e diferenciado.

Deixo aqui o endereço do site do Níquel Náusea para quem quiser ver:


www2.uol.com.br/niquel

sexta-feira, 20 de março de 2009

Os vários significados da fotografia



A fotografia, assim como todo tipo de mensagem, tem um sentido denotativo e outro conotativo. De acordo com o significado clássico destas palavras, denotativo é o aspecto mais ''objetivo'', ou ''direto'' da fotografia, enquanto que ''conotativo'' é o sentido menos aparente, dependente de uma interpretação mais aprofundada.

A maioria das pessoas tende a ver a fotografia sob seu aspecto denotativo. O que não é surpresa, pois a denotação é uma das características da fotografia por excelência. A ilusão da realidade é muito forte nesta forma de comunicação, uma vez que quando vemos a imagem capturada sentimo-nos quase como se estivéssemos olhando através de uma janela.

No entanto, a mensagem fotográfica é carregada de muitas influências externas. O ângulo escolhido pelo fotógrafo, o uso ou não do flash, a abertura do diafragma, o tempo de exposição do obturador, o uso de teleobjetivas, etc.

Aliás, segundo alguns teóricos da semiótica, não só nas intenções do fotógrafo repousa a parte conotativa da fotografia, mas também na cabeça dos cientistas que projetaram a câmera e a fizeram tirar as fotos da maneira pela qual o faz.

É interessante notar que para estes estudiosos, a fotografia em preto e branco é mais realista em sua representação de mundo do que a colorida. Isto ocorre porque a fotografia colorida exige mais processos químicos que se interpõem entre a imagem e o mundo real. Ou seja, existem mais filtros no caminho da representação.

Com tantos fatores envolvidos na produção do sentido em uma fotografia, é importante que as pessoas que tem consciência de todos estes processos construtivos tenham um olhar diferenciado ao olhar para esta forma de mensagem.

Não só por causa das fortes possibilidades de manipulação inerentes à imagem, mas também porque uma fotografia pode ser muito mas rica em sentidos do que aparenta inicialmente. Tanto por causa da intenção do fotógrafo quanto por fatores externos, inesperados.

Em certa aula de faculdade fizemos uma análise em grupo da fotografia que ilustra
este texto (de autoria de Evandro Teixeira). Foi uma grande sorte ter pego esta fotografia, uma vez que as outras opções eram uma fotografia já clichê do 11 de setembro (evento sobre o qual ainda somos bombardeados tanto na faculdade quanto pela mídia) e a famosa fotografia do beijo tirada por Cartier-Bresson, que também é vista em muitos lugares.

Com uma perspectiva ainda nova sobre a fotografia, foi possível encontrar muitos sentidos sobre ela. E a quantas conclusões interessantes nós chegamos. Coloco aqui algumas delas:

* A foto demonstra a banalização da violência. Apesar de inserido em um contexto brutal, o garoto parece não se importar com o ambiente ao seu redor.

* A banalização, a atitude descontraída dos outros personagens (sentados na calçada, ao redor do corpo) demonstra que aquele é um ambiente de conflito constante.

* A imagem demonstra uma certa falta de solidariedade e empatia. O corpo jaz solitário, descoberto, no chão de terra batida.

* O garoto encontra-se fascinado por ser o centro das atenções. A presença da mídia, no caso, a câmera fotográfica, tem um apelo quase mágico para ele.

* O cenário é de pobreza material. O cadáver, assim como o garoto, estão descamisados. A rua é de má qualidade. As pessoas vestem bermudas e chinelos de dedo.

* O grande truque desta foto é o deslocamento do personagem central. Enquanto todos parecem estar imersos naquele ambiente, o garoto olha para fora do cenário, como se ciente da presença do observador.

* O personagem central está posando para a foto. Fotografá-lo foi uma escolha do fotógrafo, o que ajudou na construção do sentido (conotação).

* O fotógrafo utilizou-se de recursos da câmera para fazer o garoto sobressair. Colocou-o em foco, enquanto o resto da cena está fora deste. Além disse, o garoto está em primeiro plano, enquanto os outros personagens aparecem ao fundo.

* O contraste cromático da fotografia, que é preto e branca, também ajuda na criação do deslocamento. O garoto é negro, o chão de terra batida é de cor clara, fazendo-o sobressair.

* Um dos temas centrais (senão o central) desta fotografia é a oposição semântica entre morte e vida.

Uma análise destas leva algum tempo de observação para ser feita, mas é muito gratificante poder ''saborear'' pacientemente uma boa fotografia ao invés de simplesmente ''devorá-la'' com os olhos. Descobrir os segredos e montar o quebra-cabeça por trás de uma imagem.

Para quem gosta de boas fotos, deixo aqui o link da galeria dos vencedores do World Press Photo em 2009. É um dos maiores prêmios do fotojornalismo. Ressalto aqui que apesar de algumas fotos serem de ordem mais conotativa, a maioria delas também são extremamente denotativas, transmitindo a maior quantidade de informação possível.

Boa leitura: http://www.worldpressphoto.org/

quarta-feira, 18 de março de 2009

Zappa e Kubrick, Kubrick e Zappa








Esses dias atrás, na aula de Estética, (sobre a qual eu faço meu terceiro post neste blog, mas que atualmente é a aula que considero mais interessante na UEL) o professor estava falando sobre os papéis da oralidade e da visualidade em nossa sociedade.


A abordagem feita pelo professor tinha como base um texto de Norval Baitello Júnior, cujo nome era ''A Cultura do Ouvir''. O texto de Baitello argumenta que atualmente, nas sociedades modernas, a visualidade é muito mais valorizada do que a oralidade. Para ser mais direto, que a imagem vale muito mais que o som.

Eu concordo absolutamente com este ponto de vista. Hoje em dia, os principais veículos midiáticos são a televisão e a internet, enquanto o rádio foi jogado a escanteio. A sociedade atual preza a imagem e, cada vez mais, a velocidade da imagem.

Segundo o professor, pesquisadores fizeram um estudo que concluiu que, comparando-se programas televisivos de 1988 e dos anos 2000, as tomadas dos programas mais antigos eram muito mais longas do que as dos atuais. Hoje em dia, os filmes, por exemplo, passam em ritmo e videoclipe, comparando-se com a lentidão das películas mais antigas.

Evidentemente que hoje em dia ainda se escuta muita música. Contudo, as pessoas tendem a escutar apenas o que gostam, uma vez que na maior parte do tempo estão ocupadas demais devorando imagens para prestar atenção no som.

Partindo desse pressuposto, o professor sugeriu que as pessoas experimentassem outros tipos de música, música que desafiasse suas percepções. Neste ponto, ele citou Frank Zappa. Achei muito interessante ele ter falado sobre o Zappa, e tive vários pensamentos naquele momento.

Um foi de que o Zappa é realmente inesperado mesmo. Algumas de suas músicas podem ser geniais, enquanto outras são terríveis (atire a primeira pedra quem nunca ouviu uma música ruim do cara), às vezes até desagradáveis ao ouvido propositalmente. Mas ele era um artista totalmente sui generis. Misturava dezenas de estilos, utilizava montes de instrumentos, cada música é uma surpresa. Mesmo dentro de uma única canção de Zappa, você pode ter vários estilos diferentes sendo tocados.

Certa vez, Frank Zappa disse: ''Minha música é cinema para os ouvidos'', o que define muito bem o seu trabalho.

O assunto da aula mudou para cinema, e o professor sugeriu que se as pessoas quisessem assistir filmes que instigassem a sua percepção, deveriam assistir obras de Stanley Kubrick.

Nem bem o professor disse isto, eu não pude me conter e exclamei: ''O Kubrick é o Zappa do cinema''.

O professor concordou, e disse mais acertadamente: ''O Kubrick é o Zappa do cinema, ou o Zappa é o Kubrick da música''.

De qualquer forma, eu conheço vários trabalhos dos dois artistas há anos, e já tinha esta visão de equivalência havia muito tempo. Ambos trabalham com uma míriade de temas, ambos tinham um humor sarcástico, ambos podiam ser tão clássicos quanto ultra-modernos. E, o mais importante, ambos eram muito loucos e criativos, e você não sabe o que esperar deles quando está ouvindo ou vendo seus trabalhos.

O professor provavelmente já tinha feito esta comparação de forma inconsciente, por isto que citou o Kubrick logo em seguida ao Zappa.

segunda-feira, 16 de março de 2009

A riqueza de Henfil


Mal comecei o ano letivo, já tratei de correr atrás de material sobre Henfil, o famoso cartunista mineiro. Por que? Porque estou fazendo o meu TCC sobre a obra do cara.Fazendo é modo de dizer, ainda nem comecei a escrever o projeto, mas de qualquer forma já li três coletâneas de obras dele, já conversei com um professor, já delimitei o tema e estou indo em frente.

Quando resolvi fazer o TCC sobre o Henfil, não conhecia quase nada sobre o trabalho dele. Apenas uma ou outra tirinha que apareceu em livros de português, vestibular ou coisas assim. Portanto, peguei o tema mais por instinto. Escolhi o trabalho do Henfil por achar que se o cara era tão famoso, suas obras deveriam ser fonte para muitas análises.

Eu também sabia de sua importância política. Sua importância como cartunista de resistência à ditadura e às injustiças do Brasil em geral. Para falar a verdade, eu pensava em Henfil apenas como um cartunista político. Não achava que seus quadrinhos tivessem muita graça, mas respeitava sua importância como material de protesto.

Qual não foi minha surpresa quando li suas coletâneas, e vi que seu trabalho era muito diferente, muito mais rico do que eu pensava.

Henfil não falava apenas de questões políticas. Falava sobre sexo, preconceito, comportamento e, em muitas ocasiões,apresentava um humor puramente nonsense. Tudo isso com uma criatividade e uma energia sem iguais.

Eu estou utilizando sua obra para estudar, mas ao mesmo tempo me divirto horrores quando leio suas tirinhas. Às vezes, até gargalho sozinho.

Aliás, mesmo quando Henfil aborda a política, consegue fazê-lo de uma maneira extremamente sutil e humorística. Na maioria das vezes, até o nonsense aparece nessas tirinhas mais políticas. O que não deveria ser surpresa, porque a política é nonsense neste país.

Com um material tão rico, é de se espantar que Henfil não seja mais falado nas escolas, nas universidades. Aliás, não é de se espantar tanto não, dados os problemas da nossa educação.

Mas é ridículo, por exemplo, que não haja nenhum livro do cartunista na Biblioteca da Cidade, 1 livro de quadrinhos apenas na UEL, e que na cidade inteira só as Livrarias Porto vendam algumas de suas obras.

A obra de Henfil é um patrimônio do Brasil. Tanto mais que permanece atual. Seu humor ácido é muito pertinente aos dias de hoje, e seu conteúdo inteligente e desbocado bate muitos dos quadrinistas de hoje em dia.

Espero que um dia este país reconheça verdadeiramente o trabalho deste artista que tanto lutou por ele com as mais sutis das armas: a caneta e o papel.

sexta-feira, 13 de março de 2009

A Semiótica dos Anjos - Parte 2



Pois é, na aula de hoje de Estética (sim, estamos tendo aulas dessa matéria a rodo!) assistimos a algumas cenas do filme Cidade dos Anjos e discutimos o texto de Malena Contrera.

Devo dizer que minhas expectativas foram correspondidas. O filme de Hollywood não era ruim, mas era uma obra predominantemente comercial, e perdeu muito da expressividade e originalidade da película de Wim Wenders.

Podemos fazer várias comparações que atestam isto.

O filme de Wenders é muito mais sutil que a versão americana. Uma das primeiras cenas do filme mostra o anjo representado por Bruno Ganz pulando de uma grande estátua e caindo. E por que ele está fazendo isto? Ora bolas, porque ele é um anjo, ele pode. A queda é apenas um mero detalhe, não tem uma significação maior na história, mas é uma cena bonita.

Porém, em Cidade dos Anjos o personagem de Nicolas Cage precisa saltar para se tornar humano (quanta dramaticidade!), e a cena em que faz isto é recheada de imagens emocionais de partos e médicos, lembrando alguma propaganda de plano de saúde.

Outro personagem muito distorcido foi aquele coadjuvante chamado Columbo. No filme original, ele era um ex-anjo, agora ator de filmes B, gravando um filme em Berlim Ocidental, enquanto a narrativa seguia seus pensamentos.

No filme estrelado por Nicolas Cage, aparecia um indivíduo chamado Nathan Messenger que era um ex-anjo trapalhão, cuja única função era ligar o anjo Seth à doutora Maggie.

Cidade dos Anjos foca-se apenas no amor ''impossível'' entre o anjo e a mulher, enquanto Asas do Desejo é muito mais rico. O anjo de Asas do Desejo é apenas um personagem entre vários.

O filme alemão mostra também as elocubrações de Columbo, as jornadas mentais e físicas de um velho escritor no fim de sua vida,as alegrias e tristezas de pessoas que trabalham em um circo e os pensamentos e sentimentos de várias pessoas comuns que aparecem durante o filme.

Enquanto Asas do Desejo é rico em detalhes, Cidade dos Anjos apenas pegou um fio da meada da história e o estirou até que quase arrebentasse.

Quanto aos diálogos e pensamentos dos personagens, não há nem como comparar. Sem dúvida, Asas do Desejo poderia ter rendido uma análise muito mais interessante a Malena Contrera.

terça-feira, 10 de março de 2009

A Semiótica dos Anjos - Parte 1

Na última aula de Estética e Comunicação, realizada hoje, estudamos um texto da Malena Contrera chamado ''O gosto da pêra: Sobre anjos caídos''. O texto consiste em uma análise interpretativa do filme ''Cidade dos Anjos'', estrelado por Nicolas Cage e Meg Ryan.

Achei um pouco engraçado Malena ter escolhido este filme como tema. Engraçado porque ''Cidade dos Anjos'' é uma versão hollywoodiana e pasteurizada de um filme alemão chamado ''Asas do Desejo'', dirigido pelo Wim Wenders.

Enquanto ''Asas do Desejo'' é um filme riquíssimo em significado, parece-me que ''Cidade dos Anjos'' é um filme mais focado no romance entre o anjo e a mulher. O problema aí não seria o enfoque, mas sim a maneira ''água com açúcar'' pela qual o filme foi conduzido.

Posso até queimar a língua falando estas coisas, porque ainda não vi ''Cidade dos Anjos'', mas tendo um conhecimento além do razoável de filmes de Hollywood e de atores como Nicolas Cage e Meg Ryan, já sei o que esperar de um filme assim. Ademais, várias pessoas disseram que o filme é meloso.

Bem, de qualquer forma eu terei que ver a película em breve para a aula de Estética, e então poderei dar uma opinião com mais propriedade.

Veremos se minha opinião se mantém...

segunda-feira, 9 de março de 2009

Mascotes



Nas últimas semanas, li duas notícias sobre chimpanzés. As duas tinham em comum o fato de que os macacos haviam cometido atos de violência contra seres humanos.

O primeiro ocorrido aconteceu nos Estados Unidos, em 16 de fevereiro. Uma dona de casa de Connecticut, Sandra Herold, 70 anos, possuía um chimpanzé de catorze anos chamado Travis. Travis comia à mesa, tomava vinho, andava de carro, e até dormia na cama da dona.

Certo dia, o macaco rebelou-se, saiu de casa segurando as chaves do carro e pelo jeito não queria mais voltar. Poderia ser apenas uma crise de adolescência símia, ou incompatibilidade de gênios, mas Travis não estava a fim de conversa.

Sandra chamou sua amiga Charla Nash para ajudá-la a recolocar o chimpanzé dentro da casa. Ao ver Nash, Travis a atacou brutalmente, mordendo e dilacerando seu rosto, enquanto sua dona tentava pará-lo inutilmente.

Desesperada, Sandra ligou para a polícia, que chegou e matou o macaco a tiros. Quanto a Charla, sobreviveu, mas perdeu as mãos e o rosto.

A outra notícia, felizmente de teor mais leve, aconteceu em um zoólogico sueco. Um chimpanzé coletou pacientemente centenas de pedregulhos, sem que os tratadores percebessem.

Quando sentia-se irritado com a presença dos seres humanos, o chimpanzé atirava as pedras em direção a eles. Felizmente, tem a pontaria ruim e não machucou ninguém.

O que é impressionante neste caso, segundo os cientistas, é a habilidade do macaco em planejar suas reações. Quando coletava as pedras estava calmo, mas sabia que as usaria posteriormente quando se sentisse irritado.

Tendo lido sobre ambos os casos, inicialmente senti-me revoltado com os dois animais. Depois, porém, ponderei e percebi que muitas vezes o homem, por tentar tratar os macacos como semelhantes, acaba esquecendo que são animais selvagens e perigosos.

A natureza do animal é diferente, ele não está preparado para este tipo de interação a que é submetido. Sendo assim, reações imprevisíveis podem ocorrer.

Bom, já que estamos falando nisso, acabei de ver um videozinho que ilustra bem a situação:

sábado, 7 de março de 2009

8 de março, sobre o que falar?



Pois é, hoje é mais um Dia Internacional da Mulher. Aliás, é interessante lembrar que o primeiro Dia Internacional da Mulher foi celebrado há quase exatamente 100 anos, em 28 de fevereiro de 1909, nos Estados Unidos.

De lá para cá, muita coisa mudou na vida das mulheres. Da cozinha e do tanque elas saíram para o mundo.

Na boa e Nova Zelândia, em 1893, as mulheres ganharam o direito de votar pela primeira vez, graças a várias militantes, em especial a famosa Kate Sheppard. Kate é reconhecida no país em estátuas e também na nota de dez dólares neozelandeses.

Outras conquistas importantes foram o direito a um salário equivalente ao dos homens, igualdade de tratamento perante a lei e a liberdade de planejamento familiar. Inclusive, hoje em dia as mulheres podem até ser mães solteiras. Não é fenomenal?

Várias dessas mudanças foram obtidas nos anos 60, com os movimentos norte-americanos pelos direitos civis, mas também graças a mobilizações ocorridas em outros países.

Hoje temos mulheres presidentes, como Michelle Bachelet no Chile e Cristina Kirchner na Argentina; Mulheres que comandam naves espaciais, como a americana Eileen Collins em 1999; Mulheres que jogam futebol e participam de Copas do Mundo,ocorrendo desde 1991, e até mulheres generais de quatro estrelas do Exército americano como Ann E.Dunwoody.

Pouco a pouco, as mulheres tornaram-se maioria nas universidades do Brasil. Em cursos como Pedagogia, Enfermagem, Psicologia, Letras e Biologia, elas já constituem de 74% a 95% dos alunos.

Com uma evolução tão impressionante, é de se pensar que dentro de algumas décadas será preciso um ''Dia Internacional do Homem'' para reparar o atraso em que os marmanjões estão se colocando.

As duras propagandas da Nova Zelândia

Cheguei ao Brasil há nove dias, após ter passado um ano na Nova Zelândia. Uma das coisas interessantes que notei na televisão neozelandesa foi que as propagandas de conscientização em relação ao uso do álcool (que é um problema no país)e de responsabilidade no trânsito são muito bem produzidas.


Porém, mais do que isto, as propagandas são extremamente diretas e, por que não dizer, até de certa forma violentas. Os anúncios educam pela catarse,e dá até um pouco de depressão ver as propagandas neozelandesas.

Aqui temos alguns exemplos:



Esta propaganda faz parte de uma série cujo slogan é ''It´s not the drinking, it's how we're drinking'' (''Não é a bebida, é a maneira como estamos bebendo''), e impressiona pela brutalidade. No caso, o marmanjão batendo a cabeça do molequinho na estante.

Desta mesma série, temos outro anúncio que também choca pela violência envolvida. A do homem que vai ao bar e começa uma briga.



Mas a minha propaganda preferida dessas de conscientização é a do sujeito da roleta. Uma espécie de personificação da morte, ele joga com a vida das pessoas que se arriscam nos cruzamentos perigosos. Este anúncio era realmente bem-feito, pois ouvi vários de meus conhecidos falando sobre ele.



A franqueza destas propagandas impressiona, e faz refletir até as pessoas mais toscas que são comandadas por seus instintos mais básicos.